Tratamentos para NMO: avanços, desafios e caminhos possíveis
A neuromielite óptica (NMO) é uma doença autoimune rara e grave que compromete principalmente o nervo óptico e a medula espinhal. Por isso, os tratamentos buscam controlar os surtos e prevenir recaídas, o que é fundamental para preservar a qualidade de vida e evitar sequelas irreversíveis.
O neurologista Dr. Herval Neto, referência nacional no tema, destaca que o tempo é um fator crítico porque atrasos no diagnóstico e no início do tratamento podem comprometer de forma definitiva funções neurológicas. Estes foram os temas do episódio 5 do podcast Conexões Verdes. Confira o resumo:
Dois pilares de tratamentos para NMO
- Tratamento de surtos (fase aguda):
- Utiliza-se principalmente a pulsoterapia com corticoides intravenosos por até cinco dias.
- Em casos mais graves, indica-se a plasmaférese, que filtra o sangue a fim de remover substâncias inflamatórias. Este procedimento exige estrutura hospitalar adequada.
- Tratamento de manutenção (a fim de prevenir novos surtos):
- Envolve imunossupressores (orais, endovenosos ou subcutâneos), escolhidos de acordo com a gravidade, o histórico e o perfil do paciente.
- O acompanhamento contínuo com neurologistas especializados é indispensável.
Novos tratamentos e mudanças de abordagem
Até 2023, os medicamentos usados eram “off label“, emprestados de outras doenças. Recentemente, três terapias específicas foram aprovadas no Brasil: satralizumabe, ravulizumabe e inebilizumabe. Esses medicamentos representam avanços científicos importantes, mas ainda enfrentam barreiras de acesso devido ao alto custo e à ausência de um Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) no SUS.
Antes, adotava-se a estratégia de escalonamento, começando com opções mais acessíveis e, só após falhas, partia-se para terapias mais eficazes. Hoje, a tendência é iniciar diretamente com o melhor tratamento disponível, buscando evitar danos permanentes.
Desigualdade e luta por acesso a tratamentos para NMO
Apesar dos avanços, a realidade do sistema de saúde impõe desafios, sobretudo fora dos grandes centros. A falta de um PCDT oficial para NMO no SUS prejudica o acesso a tratamentos e exames como o teste de anticorpos AQP4, essencial para o diagnóstico.
Iniciativas como o Consenso Brasileiro de Tratamento da NMO, elaborado em 2023 pela ABN e o BCTRIMS, surgem como resposta técnica e científica para orientar políticas públicas. Embora ainda não oficial, esse documento já serve como referência e fortalece a luta por um protocolo nacional que garanta equidade no tratamento.
Cuidado multidisciplinar e rede de apoio
Os tratamentos para NMO vão além dos medicamentos. Eles exigem uma abordagem multidisciplinar que envolva fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e outros profissionais para reabilitação e suporte à qualidade de vida. Mas isso ainda é um desafio no Brasil, especialmente fora das capitais.
Apesar das dificuldades, a mobilização de médicos, pacientes, associações e autoridades tem ganhado força. A experiência do Dr. Herval Neto no Hospital do Servidor Público, com protocolos adaptados mesmo diante da falta de recursos, comprova que é possível fazer diferença quando ciência e compromisso caminham juntos.
A urgência da ação coletiva
A NMO é uma doença tratável — e isso muda tudo. Logo, a criação de um PCDT oficial pelo SUS é o próximo passo e representa uma urgência real. A trajetória até aqui demonstra que avanços são possíveis quando há união, escuta e compromisso. Portanto, a luta pelo acesso universal ao diagnóstico e tratamento é, acima de tudo, uma questão de justiça social.
Quer saber mais? No podcast Conexões Verdes, da ABNMO, o neurologista Herval Neto explica em detalhes tudo sobre tratamentos para NMO. Ouça agora no Spotify ou no YouTube!