Como diferenciar NMO e EM (Esclerose Múltipla)? Confira as similaridades, diferenças e desafios no diagnóstico e tratamento
A Neuromielite Óptica (NMO) e a Esclerose Múltipla (EM) são doenças autoimunes que afetam o sistema nervoso central, frequentemente confundidas devido à sobreposição de sintomas. No entanto, avanços na neuroimunologia permitiram diferenciar melhor essas patologias, levando a um diagnóstico mais preciso e tratamentos mais eficazes.
Principais características e diferenças entre NMO e EM
A Esclerose Múltipla afeta predominantemente pessoas brancas e apresenta surtos recorrentes de sintomas neurológicos, como alterações visuais e fraqueza muscular. Os surtos costumam responder bem à corticoterapia, e a perda visual tende a ser menos grave em comparação à NMO. Na EM, as lesões na medula são segmentares e localizadas, comprometendo parcialmente o sistema motor e sensitivo.
Por outro lado, a Neuromielite Óptica afeta principalmente indivíduos não brancos e tem manifestações mais severas, incluindo neurite óptica grave e mielite extensa. As lesões na medula são contínuas e mais extensas do que na EM. Já a resposta ao tratamento com corticoides pode ser insatisfatória, muitas vezes necessitando de plasmaférese.
Diagnóstico e marcadores biológicos podem ajudar a diferenciar NMO e EM
Os biomarcadores são fundamentais para diferenciar as duas doenças. Por exemplo, o anticorpo anti-aquaporina 4 (AQP4) é um dos principais marcadores da NMO, enquanto na EM frequentemente se observa a presença de bandas oligoclonais no líquor. No entanto, a existência de pacientes com NMO soronegativos (sem o anticorpo anti-AQP4 detectável) levanta desafios adicionais no diagnóstico e tratamento.
A ressonância magnética também é um recurso importante na diferenciação dessas doenças. Enquanto na EM as lesões na medula são curtas e descontinuadas, na NMO as lesões se estendem por três ou mais segmentos vertebrais. Além disso, alterações na ressonância cerebral podem estar presentes na NMO, contradizendo a ideia anterior de que o cérebro não era afetado.
Tratamento e prognóstico
O tratamento das duas doenças difere significativamente. A Esclerose Múltipla possui um amplo leque de terapias imunomoduladoras de alta eficácia, enquanto a Neuromielite Óptica requer tratamentos imunossupressores para evitar recaídas graves. Além disso, alguns medicamentos utilizados na EM podem ser prejudiciais para pacientes com NMO, piorando a progressão da doença.
No prognóstico, observa-se que os surtos da NMO são mais devastadores, podendo levar a sequelas mais graves caso o tratamento não seja iniciado rapidamente. Por sua vez, a EM pode ter uma forma progressiva que leva à piora contínua dos sintomas ao longo do tempo, padrão que não se observa com a NMO.
Acesso ao diagnóstico e tratamento no Brasil
Um dos grandes desafios enfrentados pelos pacientes com NMO no Brasil é a dificuldade de acesso a exames diagnósticos adequados, como o teste para anticorpos anti-AQP4, que ainda não está amplamente disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, muitas terapias de alta eficácia ainda não foram incorporadas à rede pública, dificultando o tratamento adequado.
Apesar dessas dificuldades, avanços estão sendo feitos para melhorar o acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado, permitindo que mais pacientes possam ter uma melhor qualidade de vida e reduzir o impacto dessas doenças em suas vidas.
A distinção entre Neuromielite Óptica e Esclerose Múltipla garante um tratamento adequado e eficaz. Com o avanço das pesquisas e o aprimoramento das estratégias diagnósticas, espera-se que cada vez mais pacientes possam receber um atendimento personalizado e adequado às suas necessidades. O fortalecimento das políticas públicas de saúde também é essencial para garantir que todos tenham acesso ao melhor tratamento disponível.
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